sábado, 24 de julho de 2010

Os Templários III

Como tudo que é rígido em excesso pode vir a gerar fanatismos e, estes são fatores geradores de perversões; naquele período, não eram incomuns notícias de sacerdotes, das mais diversas ordens, cometendo atos que rompem com o seu voto do celibato ou praticando depravações como a pedofilia; outros, tentando manterem-se fiéis as suas convicções ideológicas, violentavam seus corpos, o que hoje é facilmente identificável como o distúrbio psicológico do masoquismo. "O expoente mais radical desse ponto de vista era Pedro Damião, um dos principais ideólogos das reformas gregorianas – um monge que fez carreira na administração pontifícia até tornar-se cardeal-bispo de Óstia, vivia a base de pão grosseiro e água choca, usava uma cinta de ferro ao redor dos quadris e submetia-se a freqüente e severa flagelação. Ele considerava o casamento como um disfarce obscuro para o pecado, e se regozijava com qualquer expediente que desencorajasse os homens em quem a imagem divina fora estampada de envolver-se em algo tão degradante”.(READ, 2001, p.106). O surgimento de uma Ordem Militar por si só é contraditório, principalmente se o nosso paradigma é a doutrina contida nos escritos do assim chamado Novo Testamento, que apregoa que o essencial é o amor entre as pessoas e a passividade do espírito. Todavia, o decorrer do tempo e a consolidação da Ordem farão com que esse aspecto militar seja fundamental, no assim chamado período das Cruzadas, quando os Templários irão criar uma mítica ao redor de suas táticas militares, além de aumentar consideravelmente suas possessões. Podemos deduzir que, do final da segunda década do século XII até o início do século XIV, o Templo encontrou-se navegando em mar de Almirante, com tudo conspirando a seu favor. A Ordem cada vez ficando mais rica e poderosa, crescendo e expandindo-se, mas tanto poder e riqueza não poderiam continuar sem despertar a cobiça e a inveja de muitos. O Templo, enquanto organização militar e monástica, assim como outras Ordens, necessitava de uma clara distinção entre as diversas castas que co-existiam em seu interior. Anteriormente havíamos comentado que, no início, seus membros usavam suas vestimentas seculares e, após aprovação de sua Ordem, bem como de sua Regra, eles passaram a incorporar hábitos e outros símbolos de pertencimento. Vamos nos alongar um pouco, a seguir, sobre a análise destas vestimentas, bem como de seus outros símbolos. Os componentes das Ordens militares eram designados irmãos, pertenciam a uma instituição e formavam um Corpo; o que implicava o senso de honra, do dever e orgulho, que demonstravam ostentando o manto, a insígnia, a bandeira e o sinete, que são sinais de pertencimento da Ordem.

sexta-feira, 16 de julho de 2010

Continuação Templários

É possível que, originariamente, simplesmente tivessem em mente uma vida regrada e religiosa, algo similar ao que acontecia no hospício de São João, fundado pelos mercadores de Amalfi antes da primeira cruzada, para zelar pelos peregrinos. O próprio rei os teria feito modificar esta intenção, fazendo deles um suporte armado em auxílio da administração de Balduíno II, cuja decisão também foi inspirada pela crescente insegurança dos latinos em além mar. Deste momento em diante, a Ordem começa o seu vertiginoso caminho em direção ao poder, à riqueza e à glória. Toda organização que se inicia precisa de alicerces sólidos para que possa prosperar e, com os Templários, isto não será diferente. Após seu surgimento, vários adeptos se unem aos dez primeiros, sendo alguns de grande importância, como por exemplo, Foulques de Anjou, um poderoso nobre do centro da França. Várias novas dotações de terras e moeda são proporcionadas aos Templários. Se, do ponto de vista do material, da carne, as coisas se encaminham muito bem para os “Pobres Soldados de Cristo”, faz-se necessário que o arcabouço ideológico também se torne sólido como as finanças. Neste ponto é providencial o surgimento de Bernardo de Clairvaux (vale da luz), sendo interessante fazer uma pausa para pensar em quem era este cidadão. Bernardo era um monge originário do Mosteiro da ordem Cisterciense de Citeaux e fundador do monastério de Clairvaux. A ordem cisterciense era reconhecidamente rígida em sua Regra, principalmente nas questões relativas à pobreza e ao desprendimento com relação às coisas da matéria e, por esse ângulo, já se pode depreender qual era a linha ideológica de Bernardo que, orador inflamado, carismático e apaixonado por suas convicções, foi árduo defensor do processo das Cruzadas, bem como dos Templários, sendo seu principal alicerce ideológico, no período de surgimento da Ordem. Não podemos nos furtar ao comentário do que se passava pelas mentalidades da época, período onde é extremamente atraente a idéia da vida monástica, principalmente para aqueles jovens que não se sentiam inclinados à belicosidade que se lhes apresentava como alternativa; momento, onde o imaginário se deixa dominar pelas propostas tentadoras descortinadas pelo pensamento católico: como a promessa do paraíso em um futuro posterior, bastando, para tanto, uma vida de recolhimento, pobreza, castidade e oração. Pelo menos, deveria funcionar assim na teoria.
É difícil sentir pena das aristocráticas moças de Borgonha e da Champagne quando seus maridos potenciais retiravam-se para trás dos muros dos mosteiros Cistercienses. Cristo tinha louvado aqueles que “se fizeram eunucos” por causa do reino; e o apóstolo Paulo, nos primeiros dias da Igreja, havia escrito, que, embora fosse bom ser casado, permanecer solteiro era melhor. Agostinho de Hipona, como vimos, pensava que uma entrega sincera a Cristo era incompatível com o casamento; e uma das principais campanhas do papado nesse período era a insistência no celibato para o clero.
(READ, 2001, p.106).

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